Transição de carreira na maioria dos casos é um processo demorado, requer muita atenção por parte do (a) executivo (a) e também muita pesquisa e dedicação. Quem já passou por esse processo sabe que as coisas não ocorrem da noite para o dia, além de ter que lidar com expectativas e frustrações.
Via de regra a imensa maioria das pessoas “trabalham” em quatro frentes distintas: (1) aplicam para vagas disponíveis na internet, (2) falam com Head Hunters e/ou Agências de Recrutamento, (3) enviam Currículos para os amigos e também (4) fazem “network”, ou seja, falam com os colegas mais próximos.
Vamos discutir essas iniciativas nos seus vários aspectos. Seus pontos fortes, seus pontos fracos e como as pessoas devem se posicionar para que as suas chances de conseguir um novo emprego aumentem.
1 – VAGAS NA WEB: a internet facilitou a vida de muita gente em vários sentidos, inclusive no que diz respeito à procura por vagas de trabalho. Foi-se o tempo em que você ia até a banca de jornais, aos domingos principalmente e ficava horas e horas folheando o periódico à procura de algo que fizesse sentido para a sua vida profissional.
Atualmente você encontra inúmeras vagas na web, seja nos sites das empresas contratantes e até mesmo em sites relacionados à carreira como Linkedin. O processo é relativamente simples, você escolhe a vaga que lhe interessa, preenche o formulário e, geralmente anexa o seu Resume. Pronto! Parte do processo da busca por um novo emprego está terminado.
Ocorre que a sua vida foi facilitada e também, ao mesmo tempo, a vida de outros milhares de profissionais que estão na mesma situação que a sua! Portanto a concorrência não é nada desprezível. Segue um dado importante, aproximadamente 20% das vagas são publicadas! Pouco, não é?
Outro ponto também deveria chamar a sua atenção. Imagina o trabalho que tem uma pessoa na seleção de Currículos! O que faz um recrutador selecionar um Currículo em vez de outro. Não sabemos com exatidão. Portanto, o máximo que você pode fazer (além de um Currículo apresentável) é “ficar na torcida” para que o seu Resume seja escolhido e ir para a próxima fase do processo de seleção.
2 – HEAD HUNTERS/AGÊNCIAS DE RECRUTAMENTO: desnecessário dizer que nenhum Headhunter e/ou Agência de Recrutamento poderá lhe cobrar por qualquer vaga de emprego. Caso isso aconteça, caia fora!
Aqui também o processo é relativamente simples. Você liga para a agência, agenda uma conversa com os profissionais do seu interesse (quanto mais, melhor) e faça uma visita. Vamos supor que você esteja buscando uma vaga de Gerente de T.I. Você possui experiência, é um profissional competente e vai para uma entrevista.
Normalmente você será bem atendido e passará por uma entrevista. Ocorre que o Head Hunter e/ou Agência de Recrutamento poderá (e isso é bem comum) não ter naquele momento uma vaga de Gerente de T.I. Uma pena, não é? Então, os seus dados profissionais serão guardados no banco de dados da empresa e eles te chamarão quando e se houver uma vaga de Gerente de T.I. Caso contrário, você será mais um número no banco de dados.
Seja lá como for, não desanime, procure esses profissionais e continue fazendo as suas entrevistas. Novamente, quanto mais, melhor. Não é preciso dizer que você não quer ficar procurando o mesmo Head Hunter insistentemente. Fez uma entrevista, parta para outra em outra agência.
3 – ENTREGA DE CURRÍCULOS: da mesma maneira que “aplicar para vagas online” ficou mais fácil e conveniente, enviar Currículos se tornou a coisa mais fácil do mundo! Você pode enviar um por dia, 20 por dia, 100 por dia, etc. Ficou fácil para você e para todo mundo!
Entretanto, tente se colocar na pessoa que esteja recebendo o seu Resume. Aposto que você um dia recebeu um Currículo de um colega que lhe pediu para que você o repassasse. O que você fez? Atendeu o pedido do colega e repassou! Na maioria das vezes a pessoa sequer lê o seu Currículo. Quando lê, dá uma olhada “por cima” e já passa para frente. O que nós temos que entender é que as pessoas não são um “banco de vagas.” Elas não sabem (na imensa maioria dos casos) quem está contratando. Portanto, essa é uma estratégia muito deficiente.
4 – NETWORKING: por último, e não menos importante é o Networking, a sua Rede de Relacionamentos ou o seu Capital Social. Ao longo da sua vida você fez inúmeras interações com as várias pessoas. Muitas continuam no seu círculo de amigos, outras não fazem parte do seu cotidiano, mas se lembram de você e outras ficaram pelo caminho. Coisas da vida.
Você pode e deve fazer uso da sua Rede de Relacionamentos em várias situações: pedir informação sobre algum outro profissional (eg. Médico, Advogado ou um Contador), pedir aconselhamento quando estiver comprando um automóvel e, principalmente quando estiver em busca por um novo emprego. Por que não? Você pode e deve fazer BOM uso da sua rede nesses momentos. Entretanto, não sobrecarregue o seu network!
Existe, portanto network bem feito e network que deixa muito a desejar. Vamos dar um exemplo de um personagem fictício que vou chamar de Sebastião Simões de Lima. Sebastião perdeu o emprego e já começou a falar com os colegas sobre a sua transição, o que é muito positivo. Marcou um cafezinho com vários colegas em datas distintas.
Conversou com o Flávio, seu colega de longa data e o bate papo não foi muito produtivo. Segue alguns pecados que o Sebastião cometeu: estava desanimado e melancólico, falou a maior parte do tempo e sempre se dizendo injustiçado com a demissão. Na conversa de aproximadamente uma hora havia muito ME, MEU, MIM, EU. Ou seja, falou praticamente o tempo todo sobre si mesmo e nem ouviu o colega. Flávio certamente poderia ter dado uma contribuição se Sebastião estivesse ouvindo! Essa transição, pelo jeito vai demorar muito tempo, infelizmente.
Concluindo, transição de carreira é um processo que deve ser pensado antes de tomar qualquer iniciativa. Você precisa de uma boa estratégia e aplicar uma boa tática para chegar ao emprego dos sonhos. Principalmente, você precisa ser muito claro no que faz profissionalmente e dar o seu recado de maneira clara, precisa que os seus colegas o apresente para os colegas deles e, mais importante, precisa coletar o máximo de informações possível.
Assim você será capaz de encurtar a sua transição, não dependerá tanto de outras iniciativas e passará a contar com o seu próprio esforço. Boa sorte!